Ainda que a passos lentos, o Flash caminha em direção à morte. Isso é fato. O formato viabilizou a criação de animações, jogos e várias outras aplicações para a web, mas hoje precisa ceder espaço ao HTML5 (e a outros formatos abertos). A Adobe sabe disso tão bem quanto nós, razão pela qual vem se adaptando aos poucos à nova realidade. Uma das mudanças mais impactantes foi anunciada nesta terça-feira (1): o Flash Professional passará a se chamar Adobe Animate CC.

Na primeira olhada, essa é meramente uma mudança de nome, mas há mais significado nessa decisão do que a gente imagina. A Adobe quer que animadores, desenvolvedores de jogos, designers e afins usem o Animate CC para criar conteúdo em WebGL, HTML5 e outros padrões que, até um passado não muito distante, seria construído quase que exclusivamente no formato moribundo.

O Flash continuará sendo suportado, é claro. Mas o plano é que o padrão passe a ser apenas um entre os vários formatos suportados pelo Animate CC. No que depender dos esforços da Adobe, a ferramenta será a sua escolha para a criação de animações, gráficos detalhados, joguinhos e outras aplicações. No final, o formato dependerá das características do seu projeto.

Como todo um contingente de usuários que trabalham com o Flash partirá para o Animate CC (ao menos é isso o que a Adobe espera), o Animate CC terá menus, telas e recursos que remetem ao Flash Professional. Ao mesmo tempo, a ferramenta incluirá as adaptações necessárias para dar ênfase aos padrões mais modernos.

Entre os recursos do Animate CC que a Adobe fez questão de destacar estão o suporte a formatos como HTML5 Canvas, WebGL, Flash (SWF) e AIR, como você já sabe, além de compatibilidade com extensões (que trazem suporte ao formato SVG, por exemplo). A companhia também chama atenção para recursos como exportação de vídeos em 4K, maior facilidade para lidar com mudanças de cores e recursos para vetorização mais práticos.

Estamos em uma fase de transição. A própria Adobe explica que mais de um terço das aplicações criadas originalmente em Flash são baseadas em HTML5 nos dias atuais, o que deixa claro que a migração está sendo feita gradativamente. Deixar de prover suporte ao Flash de uma hora para outra traria grandes transtornos, consequentemente.

Quando, precisamente, o Flash estará morto e enterrado ninguém sabe ao certo. Mas não deve demorar muito. O histórico de problemas de desempenho e segurança do padrão é tão extenso que é difícil imaginar uma sobrevida maior do que aquela necessária para a transição para outras tecnologias.

Só para exemplificar, um dos problemas mais críticos ocorreu em julho, quando uma empresa de segurança chamada Hacking Team foi hackeada (a vida e as suas ironias). A invasão acabou revelando vulnerabilidades tão graves no Flash (que foram descobertas pela Hacking Team) que a Mozilla acabou bloqueando o plugin do padrão no Firefox até a liberação de correções.

Na maioria das vezes, a Adobe atua rápido sobre as falhas descobertas. Mas isso não é, necessariamente, um ponto positivo: no final das contas, a situação do Flash acaba sendo a de um software que se torna inchado de tanto receber remendos. Com isso, fica difícil otimizar o desempenho e adicionar funções mais adequadas às necessidades atuais.

Adobe Animate CC
Adobe Animate CC

O Animate CC não representa a morte do Flash, mas é inegável a sensação de que, com a novidade, a Adobe reconhece que a adoção de padrões abertos e mais modernos é um caminho sem volta. É a máxima “se não pode vencê-los, junte-se a eles” sendo colocada em prática com força máxima.

Segundo a empresa, o Animate CC estará disponível para todos os assinantes dos planos Creative Cloud até meados de janeiro de 2016. Se você está entre eles, precisa apenas aguardar para receber a atualização.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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